sábado, 27 de novembro de 2010

Eterna novidade...

Cada vez que paro e leio esse poema, é como se algo diferente transitasse em meus pensamentos, é como se essas palavras falassem algo novo pra mim, é como se eu estivesse lendo pela primeira vez a primeira palavra.
Ter maturidade é bom, mas saber viver como se tudo fosse uma novidade é melhor ainda.
Sintam-se à vontade para viajar nesse mundo por alguns minutos. Leiam e sintam "O Guardador de rebanhos" Escrito pelo heteronimo de Fernando Pessoa.


O meu olhar é nítido como um girassol.

Tenho o costume de andar pelas estradas

Olhando para a direita e para a esquerda,

E de vez em quando olhando para trás...

E o que vejo a cada momento

É aquilo que nunca antes eu tinha visto,

E eu sei dar por isso muito bem...

Sei ter o pasmo essencial

Que tem uma criança se, ao nascer,

Reparasse que nascera deveras...

Sinto-me nascido a cada momento

Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele

Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)

Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,

Mas porque a amo, e amo-a por isso

Porque quem ama nunca sabe o que ama

Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...



Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos"

    Nenhum comentário:

    Postar um comentário